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Embora o ministro da Fazenda Joaquim
Levy( FOTO)negue, é sim um “saco de maldades” o que o governo vem anunciando, a conta
gotas, nos últimos 21 dias. São todas medidas econômicas que vão “tirar” da
população de diferentes maneiras e intensidades.
Nesta segunda-feira (19) foi a vez do anúncio sobre o aumento dos impostos sobre importação, a volta da Cide
(que aumentará a gasolina e o diesel) e o aumento do IOF sobre operações de
crédito.
O saco de maldades começou a ser despejado na cabeça dos brasileiros
ainda no penúltimo dia de 2014 quando o governo anunciou restrições aos
benefícios previdenciários, como o seguro-desemprego, que terá regras mais
restritivas.
Depois veio o anúncio do aumento da conta da luz. De juros mais altos da
CEF para a casa própria. De corte de gastos para todos os ministérios,
incluindo o da Educação, no que pese sermos agora uma “pátria educadora”.
Tudo isso faz parte da mesma coisa: o ajuste fiscal. Ele não é indolor,
nem neutro.
O objetivo final do ajuste é aumentar o superávit primário, a reserva de
dinheiro para pagar os juros da dívida. Para isso, cortam-se despesas
governamentais e aumentam-se impostos. Os defensores do governo dizem que se
trata de um “ajuste gradual”, ou seja, feito de modo a não afetar (tanto) a
população, sem uma elevação imediata, por exemplo, das taxas de desemprego.
Será?
Seja como for, depois do impostômetro em São Paulo, um placar que mede o
quanto se paga de impostos por minuto, talvez agora seja a hora de criarmos o
jurômetro.
Não custa lembrar, conforme escreveu o economista Luiz Gonzaga Belluzzo
na revista Carta Capital recentemente, que entre 1995 e 2011, “o Estado
brasileiro transferiu para os detentores da dívida pública, sob a forma de
pagamento de juros reais, um total acumulado de 109,8% do PIB” (o Produto
Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país). Ou
seja: é como se em 16 anos seguidos de trabalho de todos os brasileiros, um
fosse dedicado exlusivamente ao pagamento de juros para instituições
financeiras.
Por ano, o Brasil paga o equivalente a 10 programas Bolsa-Família de
juros para os credores da dívida pública.
Talvez o ajuste seja inevitável para evitarmos um mal maior, é verdade.
Este mal é a inadimplência, é “quebrar” o país, como esteve perto de acontecer
em 2002. As conseqüências seriam muito ruins – e não há força política de
envergadura no Brasil disposta a assumir o risco. O PT foi a última voz de peso
“em contrário”, até Lula assinar a Carta ao Povo Brasileiro de 2002, quando o
partido assumiu que respeitaria os “contratos” e condições da dívida.
Se não se voltar a colocar na agenda política a questão de quanto
pagamos de juros, porém, vai ser difícil entender porque os serviços públicos
são tão precários e ineficientes. Uma coisa tem a ver com a outra (não é
apenas corrupção!). O dinheiro para pagar os juros sai, afinal, dos nossos
impostos, do orçamento que poderia ir para educação, saúde e tudo o mais. Ou
alguém discorda?
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