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Especialista
diz que ainda este ano poderemos passar a beber lama do Boqueirão e prevê seca
O açude Epitácio Pessoa, que fica na cidade de Boqueirão,
atingiu, esta semana a sua pior marca na história, com 58.258.314 m³ de água, o
que representa 14,2% de sua capacidade total. Antes disto, a pior marca
registrada havia sido no dia 28 de dezembro de 1999, com 14,2% do total .
Para o especialista em recursos hídricos Isnaldo Cândido, o
problema é agravado por falta de planejamento. “Dentro do quadro que se
apresentava com os regimes de chuvas, que foram poucos, isso era esperado. São
coisas que para a gente preocupa, por falta de todo um planejamento, diante de
uma demanda que cresce a cada dia”, explicou.
A reserva técnica, conhecida como “volume morto”, do açude
Epitácio Pessoa (Boqueirão) deverá ser utilizada pela Cagepa para abastecimento
devido à estiagem.
O professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
Janiro Costa questionou a qualidade dessa água para ser utilizada para o
consumo humano.
– Esse volume não é para ser usado, ele é o limite da operação
do açude. Usar a água do volume morto é de alto risco – alertou o professor.
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O gerente da Cagepa Borborema, Simão Almeida, amenizou a questão
dizendo que a empresa monitora a qualidade da água e vai garantir que ela seja
potável.
Segundo Simão, com a utilização da reserva técnica, o açude
distribuirá água até março de 2017.
Janiro Costa, especialista em Recursos Hídricos, disse que a
crise da falta de água enfrentada pela cidade e mais 19 municípios, foi
agravada pela falta de gestão do açude Epitácio Pessoa, “O Boqueirão”.
Ele afirmou que a Agência Nacional das Águas (Ana) não cumpre o
seu papel de gerir e fiscalizar a retirada de água do reservatório. “Até julho
de 2014, a própria ANA permitiu que irrigantes sem outorga legal fizessem a
retirada. Ela sequer fiscalizou”, lembrou.
Janiro destacou que três problemas também foram fundamentais
para que o Boqueirão atingisse o índice de 19,4% de sua capacidade total. A
irrigação desenfreada, o consumo humano fora de controle, e ainda as perdas e
vazamentos na rede da Cagepa. Segundo ele, em 2012, 41% da água captada pela
companhia era desperdiçada.
O professor afirmou que se não houver uma mobilização por parte
da população e dos políticos, a crise pode se agravar ainda mais, fazendo com
que a cidade entre em colapso total.
“É preciso um esforço de guerra, a situação é gravíssima”.
Ele disse que o Nordeste está vivendo um período cíclico de seca
que duram cerca de oito anos. “Poderemos ter mais quatro anos de seca”,
alertou.
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